terça-feira, janeiro 30, 2007

Deslizanços

Quando vimos o cartaz da autarquia, em vésperas de eleições autárquicas, a anunciar a segunda parte da variante poente a construir num ano por 2. 316.500 euros, logo induzimos que o prazo era muito curto e a verba seria ultrapassada.
Estamos em Fevereiro de 2007 e a obra mantém-se. Esta semana ficámos a saber que a autarquia vai pagar à empresa responsável pela excussão da obra, mais 214 mil euros por trabalhos a mais, inerentes a deslizamentos de terras. Mas esta verba será para pagar a consolidação de taludes de deslizamentos antigos (oito), porque para os deslizamentos actuais terá que ser a Câmara a consolidar senão a obra não acaba nunca.
Eu acho que isto não carece de qualquer comentário, pois já se torna monótona aquela conversa dos dinheiros públicos, do cumprimento de prazos, das empreitadas, etc...
Segundo a imprensa local (Badaladas) parece que a empresa que ganhou o concurso era a que levava mais barato e agora não quer assumir os custos. Diz também que normalmente quando se faz uma obra destas apenas se estuda o traçado e não a área envolvente e os deslizamentos vêem de cima e não foram previstos.
Uma obra com taludes com dezenas de metros de altura a meia encosta não previa deslizamentos de terras? Aquilo não tem rocha é mesmo terra. Então aqueles taludes enormes na zona dos depósitos de água vão ficar assim sem protecção a deslizar? O orçamento vai continuar a deslizar? O prazo vai deslizar até quando? Quantos mais trabalhos a mais vai a autarquia pagar?
E se a vinha vem por aí abaixo, quem paga o deslize? Será que desliza quando forem a passar carros? E a escola S. Gonçalo está segura naquele sítio?
Com o jeito que esta malta tem para planeamento tudo me parece possível e pelo aspecto da coisa não me parece que fique por aqui.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Gastar no acessório e penhorar o essencial

Numa notícia do jornal local Badaladas, de Torres Vedras, ficámos a saber da boca do próprio vereador da educação, que as actividades de prolongamento lectivo, ou de complemento curricular (conforme queiram), custaram em 2006 cerca de 1,5 milhões de euros. A autarquia arca com 300 mil e o Ministério da Educação com o resto.
Para as crianças de um concelho de tamanho médio como Torres Vedras estarem mais duas horas na escola a ter Inglês, Música, Actividades Físicas e mais umas coisas, o contribuinte paga um milhão e meio de euros. Trata-se efectivamente de uma verba verdadeiramente desajustada na relação custo-resultado.
Num Ministério onde nunca há dinheiro para nada, onde as escolas mendigaram durante anos condições, materiais e espaços, parece que agora, para uma medida verdadeiramente populista, se gastam verbas milionárias que vêem de onde? Provavelmente das poupanças nos ordenados dos professores, da redução de professores de apoio e nos professores desempregados. Não há dinheiro para o ensino, mas para o acessório parece que há.
Agora multiplique-se esta verba pelos 300 concelhos do país. Sendo Torres Vedras um concelho de dimensão média, vejam a verba que dá. Eu recuso-me a fazer a conta porque acho pornográfico.
Uma verba destas quase que dava para construir uma escola nova. Na Carta Educativa de Torres Vedras, a previsão para a construção de escolas novas ronda os 3 milhões de euros cada. Ou seja, em dois anos de actividades de prolongamento constrói-se uma escola. E sabemos bem quão degradado e lotado está o parque escolar neste concelho.
Eu não sei que prioridades são estas, mas parece-me que há aqui algo de profundamente errado e demagógico. Em vinte anos de docência sempre vi as escolas viverem com muitas dificuldades, conheço o centenário e obsoleto parque escolar do 1º Ciclo e o material que dispõe, e agora vejo este montante de verbas ser deitado ao lixo sem que isso signifique a melhoria da qualidade das escolas e do ensino? Fico lixado, com certeza que fico lixado…

domingo, janeiro 07, 2007

Uma fraude chamada Parque Infantil da Várzea


Hoje vamos falar no Parque Infantil da Várzea. Todos sabemos que Torres Vedras não teve estruturas de apoio à infância deste género durante gerações. O conhecido parque infantil do Choupal eram um equipamento degradado e perigoso e muito fora de mão. Eis que a autarquia construiu o novo Parque Infantil da Várzea há dois anos e os saloios torrienses todos contentes aplaudem e comem tudo sem dizer nada. Portanto se mais ninguém diz, tem este saloio de dizer. E o que eu queria dizer é que aquele parque é uma porcaria. Com toda a certeza foi feito por pessoas que não têm filhos e não sabem o que é estar num parque infantil com crianças. Foram pelo design, pelo bonitinho, pelo diferente, para mostrar quão intelectuais e cultos são, mas esqueceram-se que aquilo é um parque para crianças brincarem com os pais.
Vamos lá então ver, meus senhores, para que serve esta porcaria?


Qual é o divertimento? Apanhar sombra? A as divisórias com tabuinhas são tipo corta-vento? Mas afinal qual é a diversão da coisa?

E o que dizer de varas verticais com mais de 3 metros e as chapinhas com as alturas escritas para lá chegar saltando. Mas quem lá chega? Aquilo é para saltar... mas para que idades??? Outro grande divertimento sem dúvida.

E estes bancos inclinados onde não nos podemos sentar? Quanto teriam custado estas espécie de cadeirinhas onde não se pode estar sentado? Servirão para coçar alguma coisa?


Olhem bem para esta suposta parede de escalada. Nem tem espaço para agarrar. As ranhuras são pequeníssimas. Esta é mais outra daquelas fraudes. Para não falar na segurança. Por isso, à semelhança das anteriores não se vê nem uma criança usar isto.

Supostamente este seria para encestar bolas. Meus amigos... já expirementei e só bolas pequenas passam. Uma tabela de basquete custa só 25 euros... e esta porcaria inútil quanto custou?


O "must" do parque é esta trave que balança para equilíbrio, com um painél com uma espécie de espelhos. Deve ser para treinar dança e depois bater com a testa nos espelhos (são de matéria inquebrável.. senão também já era crime). Mas já viram alguém ali a equilibrar-se. Nem sentado dá para estar ali. E a ideia dos espelhos ao alcance da testa do incauto, o que acham?

Montes e montes de equipamentos que ninguém usa... bestial. Em vez destas tretas pós-modernas que só lesam o erário público e não servem as crianças, poderiam ter umas coisas divertidas onde pudessem efetivamente BRINCAR. Baloiços, sobe-e-desce, escorregas maiores, carroceis... aquelas coisas que todas as crianças gostam... e não me venham com a segurança, pois deve haver equipamentos seguros e divertidos não? Ou agora lá porque são seguros têm que ser uns monos inúteis? É que tirando estas coisas sem nexo, pouco mais resta no Parque Infantil. E não me venham com a desculpa da segurança. Coisas seguras? Então uma barra com mais de três metros para trepar é segura? Uma trave de equilíbrio que balança junto a um painél é segura? Uma parede de escalada sem apoios seguros? Um rapel é seguro??? UAUUUUU nem quero ver o estado da criancinha que cair do rapel. Ainda bem que está sempre partido... é só mais um traste sempre inutilizado conforme atesta a foto.

Convenhamos que metade daquele parque precisa de ser reestruturado. Podiam até consultar pessoas que percebam do assunto, ou simplesmente competentes, bastava só saber ouvir os utilizadores.
E já agora ponham lá uns bancos de madeira para os adultos estarem a vigiar as crianças sentados. Nem uma porcaria de bancos lá tem. Se trabalhassem a semana toda não vinham com essas ideias dos adultos de pé de um lado para outro em dia de descanso. Dirão que aquele grande banco de pedra é um assento. Assento??? É muito design e tal, mas experimentem estar lá sentados 10 minutos e vejam o estado gelado em que fica o vosso rabo. Nunca pensaram porque nunca lá está ninguem sentado? O que eu lhes fazia como castigo por andarem a gastar desta forma o meu dinheiro, era obrigá-los a estar lá sentados meia hora. Olha... filhos é que nunca mais tinham...


___________________________________________________________________________

This page is powered by Blogger. Isn't yours?