quinta-feira, março 30, 2006

O postal da ordem: Querem fechar a maternidade de Torres Vedras

Um estudo do Ministério da Saúde propõe o fecho de algumas Maternidades, entre elas a de Torres Vedras por baixo número de partos realizados.
O Governo adiou esta medida devido à distância para as maternidades mais próximas em Lisboa (Sul) e Caldas da Rainha (Norte), representando cerca de 50 quilómetros de viagem. Mas mantém a proposta.
Em Torres está toda a gente muito indignada com o assunto e não faltam já os postais editados pela autarquia para o cidadão enviar ao Ministério.
Em relação a este assunto eu convidava os responsáveis torrienses a reflectir sobre o porquê, da maternidade de Torres Vedras ter um número tão baixo de partos por ano (1500), servindo ela uma zona tão vasta onde habitam cerca de 200 mil pessoas em cinco concelhos (Torres, Mafra, Cadaval, Sobral e Lourinhã). Mais vasta e populosa do que Caldas, onde se efectuam mais partos. Sugeria um estudo sobre o número de pessoas da área desta maternidade que vai ter filhos para Lisboa ou Caldas. Sugiro que perguntem as essas pessoas: -Porquê? Porque durante décadas só paria em Torres quem não conseguia ir a outro lado?
Não vi postais ou movimentos pela humanização dos serviços; pela dotação de mais pessoal médico; pelo facto de durante décadas as grávidas não poderem estar acompanhadas por familiares; pelo facto de quando as coisas corriam mal ir tudo de charola a correr para Lisboa; pelas grávidas que estavam completamente sozinhas em trabalho de parto; pelos bebés não poderem ficar com um familiar durante a noite quando internados; pelo facto de quem pode pagar escolhe logo um obstetra que faça serviço em Lisboa ou em Caldas para acompanhar a gravidez no privado e ter o filho fora de Torres; pelo facto de muita gente dizer maravilhas das maternidades de Lisboa e Caldas, mas de Torres nem por isso..... Não vi os autarcas e os “opinion maker” locais da minha terra preocupados com nada disto... nem um postalzinho, nem uma linhazinha escreveram...
Agora cheira a populismo... lá estão eles muito solidários com o povo, ... mas para mim chegam atrasados.
Portanto seria bom que nos indignássemos sobre a qualidade e a humanidade dos serviços públicos, em vez de embarcarmos em bairrismos primários, fingindo que a maternidade faz muita falta, quando grande parte dos utentes fugiu dela sempre que pôde.

Comments:
Nem mais. A razão pela qual a maternidade está na lista para fechar, é a mesma que faz com que as escolas das nossas aldeia também não tenham crianças: os pais trazem-nas para a cidade, mas depois queixam-se que a escola da aldeia está para ser encerrada.
Com a maternidade é o mesmo. Toda esta publicidade deveria estar a ser feita junto dos torrienses para que preferissem ter as uas crianças cá. Só assim não faria sentido fechar a nossa maternidade...mas dá mais remeter para terceiros as culpas...
 
Eu, mãe, me confesso: fui ter os meus dois filhos a maternidades de Lisboa. Porquê?

Porque basta falar com qualquer mulher torriense para se ficarem a conhecer os casos da mãe, filha, prima, amiga, etc, que passou as passas do Algarve na maternidade de Torres, onde, durante anos, os pais não podiam acompanhar as mães e assistirem ao nascimento dos seus filhos, onde a epidural era uma miragem, apesar de se usar em todos os hospitais de província, onde os nascimentos trogloditas, à base de ferros, são a norma, e onde toda a gente sabe que impera a corrupção e que só quem paga uma quantia adiantada a determinada parteira é que se safa, com um tratamento básico que é o mínimo a que qualquer mulher tem direito, para ter a mínima dignidade.

Os senhores do Ministério da Saúde, que apresentam os números, apenas contam o número de crianças nascidas na maternidade. Mas o número anual de nados-mortos, na maternidade de Torres, não é conhecido. Pior ainda: deveríamos todos desafiar o Ministério da Saúde, ou uma instituição independente, a verificar o número de crianças nascidas na maternidade de Torres que sofrem de deficiências crónicas, mais ou menos profundas, devido a partos mal feitos na maternidade, a maioria dos quais devido à utilização primitiva de "ferros". Eu conheço inúmeros casos. E você?

Se for para o nosso bem e para o bem dos nossos filhos, pois que nasçam num sítio melhor. Em pleno século XXI, onde todos somos, antes de mais, cidadãos do mundo, reclamar o nascimento em Torres Vedras, sem condições, não passa de provincianismo bacoco!
 
Enviar um comentário



<< Home
___________________________________________________________________________

This page is powered by Blogger. Isn't yours?