sexta-feira, abril 06, 2007

Eu não quero ser um “sem médico de família”

Vai de vento em popa o Hospital privado da Cuf em construção na Conquinha e a inaugurar em Setembro. O grupo Mello investe 15 milhões de euros em Torres Vedras e não será para ter prejuízo com certeza.
Enquanto isso, um dia destes, desloquei-me ao meu Centro de Saúde pois estava com febre. Fiquei a saber que deixei de ter médico de família. Faço parte daqueles milhares que não o têm. Há mesmo uma ala, a ala B do 1º piso, para “aqueles que não têm médico de família”, que passou a ser uma categoria de cidadãos. É vê-los à espera de um qualquer médico na ala dos sem médico, com aquele ar deprimido.
mesmo assim não tive sorte. -“Desculpe mas não lhe posso arranjar um médico”, respondeu-me a solicita empregada. - "Vá ao CATUS a partir das 14 horas, informou-me".
Eram 9 horas da manhã. Fiquei a saber que lá se ia um dia de trabalho.
Decidi então ir à clínica privada Soerad, pois sabia que têm médico em permanência das 10 às 22, tipo urgência, e se necessário, com Raio X e análises feitos logo ali na hora. Com efeito, pagando 80 Euros fui extremamente bem atendido em poucos minutos e resolvi o meu problema. Com dinheiro no bolso passei de “sem médico de família” a “paciente cuidadosamente bem atendido”.
Portanto as coisas são simples, tens dinheiro no bolso ou um bom e caro seguro de saúde, tens saúde; mas se és funcionário público arriscas-te a sofrer nos corredores de um serviço público. As empresas pagam seguros de saúde aos empregados e eles têm estas regalias... o Estado... não. O Estado trata os seus quadros como se fossem indigentes. Não se rala de lhes ferrar todos os meses com descontos que ultrapassam um terço do ordenado bruto, para depois os deixar no grupo dos “sem médico de família”.
Não admira que o objectivo central da nossa sociedade seja: ter dinheiro. Afinal é este tipo de sociedade que vamos deixar aos nossos filhos: de um lado os que têm acesso a bons serviços privados de saúde e do outro os “sem médico de família”.

Foto: obras da clínica da Cuf, do jornal FrenteOeste

Comments:
Eu assinaria este texto.
Tenho um seguro de saúde que me custa mais de 1000 € / ano. Pago todos os meses um quota para o Supramédico ( forma de ter um médico disponível para urgências triviais e receitas crónicas). Desconto uma pipa de massa para a ADSE. Mas quando precisei de médico de família não havia. De facto fez-se um grande Centro de Saúde em Torres Vedras mas...
 
http://oobelisco.blogspot.com/
 
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