sexta-feira, abril 06, 2007

Eu não quero ser um “sem médico de família”

Vai de vento em popa o Hospital privado da Cuf em construção na Conquinha e a inaugurar em Setembro. O grupo Mello investe 15 milhões de euros em Torres Vedras e não será para ter prejuízo com certeza.
Enquanto isso, um dia destes, desloquei-me ao meu Centro de Saúde pois estava com febre. Fiquei a saber que deixei de ter médico de família. Faço parte daqueles milhares que não o têm. Há mesmo uma ala, a ala B do 1º piso, para “aqueles que não têm médico de família”, que passou a ser uma categoria de cidadãos. É vê-los à espera de um qualquer médico na ala dos sem médico, com aquele ar deprimido.
mesmo assim não tive sorte. -“Desculpe mas não lhe posso arranjar um médico”, respondeu-me a solicita empregada. - "Vá ao CATUS a partir das 14 horas, informou-me".
Eram 9 horas da manhã. Fiquei a saber que lá se ia um dia de trabalho.
Decidi então ir à clínica privada Soerad, pois sabia que têm médico em permanência das 10 às 22, tipo urgência, e se necessário, com Raio X e análises feitos logo ali na hora. Com efeito, pagando 80 Euros fui extremamente bem atendido em poucos minutos e resolvi o meu problema. Com dinheiro no bolso passei de “sem médico de família” a “paciente cuidadosamente bem atendido”.
Portanto as coisas são simples, tens dinheiro no bolso ou um bom e caro seguro de saúde, tens saúde; mas se és funcionário público arriscas-te a sofrer nos corredores de um serviço público. As empresas pagam seguros de saúde aos empregados e eles têm estas regalias... o Estado... não. O Estado trata os seus quadros como se fossem indigentes. Não se rala de lhes ferrar todos os meses com descontos que ultrapassam um terço do ordenado bruto, para depois os deixar no grupo dos “sem médico de família”.
Não admira que o objectivo central da nossa sociedade seja: ter dinheiro. Afinal é este tipo de sociedade que vamos deixar aos nossos filhos: de um lado os que têm acesso a bons serviços privados de saúde e do outro os “sem médico de família”.

Foto: obras da clínica da Cuf, do jornal FrenteOeste

terça-feira, janeiro 30, 2007

Deslizanços

Quando vimos o cartaz da autarquia, em vésperas de eleições autárquicas, a anunciar a segunda parte da variante poente a construir num ano por 2. 316.500 euros, logo induzimos que o prazo era muito curto e a verba seria ultrapassada.
Estamos em Fevereiro de 2007 e a obra mantém-se. Esta semana ficámos a saber que a autarquia vai pagar à empresa responsável pela excussão da obra, mais 214 mil euros por trabalhos a mais, inerentes a deslizamentos de terras. Mas esta verba será para pagar a consolidação de taludes de deslizamentos antigos (oito), porque para os deslizamentos actuais terá que ser a Câmara a consolidar senão a obra não acaba nunca.
Eu acho que isto não carece de qualquer comentário, pois já se torna monótona aquela conversa dos dinheiros públicos, do cumprimento de prazos, das empreitadas, etc...
Segundo a imprensa local (Badaladas) parece que a empresa que ganhou o concurso era a que levava mais barato e agora não quer assumir os custos. Diz também que normalmente quando se faz uma obra destas apenas se estuda o traçado e não a área envolvente e os deslizamentos vêem de cima e não foram previstos.
Uma obra com taludes com dezenas de metros de altura a meia encosta não previa deslizamentos de terras? Aquilo não tem rocha é mesmo terra. Então aqueles taludes enormes na zona dos depósitos de água vão ficar assim sem protecção a deslizar? O orçamento vai continuar a deslizar? O prazo vai deslizar até quando? Quantos mais trabalhos a mais vai a autarquia pagar?
E se a vinha vem por aí abaixo, quem paga o deslize? Será que desliza quando forem a passar carros? E a escola S. Gonçalo está segura naquele sítio?
Com o jeito que esta malta tem para planeamento tudo me parece possível e pelo aspecto da coisa não me parece que fique por aqui.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Gastar no acessório e penhorar o essencial

Numa notícia do jornal local Badaladas, de Torres Vedras, ficámos a saber da boca do próprio vereador da educação, que as actividades de prolongamento lectivo, ou de complemento curricular (conforme queiram), custaram em 2006 cerca de 1,5 milhões de euros. A autarquia arca com 300 mil e o Ministério da Educação com o resto.
Para as crianças de um concelho de tamanho médio como Torres Vedras estarem mais duas horas na escola a ter Inglês, Música, Actividades Físicas e mais umas coisas, o contribuinte paga um milhão e meio de euros. Trata-se efectivamente de uma verba verdadeiramente desajustada na relação custo-resultado.
Num Ministério onde nunca há dinheiro para nada, onde as escolas mendigaram durante anos condições, materiais e espaços, parece que agora, para uma medida verdadeiramente populista, se gastam verbas milionárias que vêem de onde? Provavelmente das poupanças nos ordenados dos professores, da redução de professores de apoio e nos professores desempregados. Não há dinheiro para o ensino, mas para o acessório parece que há.
Agora multiplique-se esta verba pelos 300 concelhos do país. Sendo Torres Vedras um concelho de dimensão média, vejam a verba que dá. Eu recuso-me a fazer a conta porque acho pornográfico.
Uma verba destas quase que dava para construir uma escola nova. Na Carta Educativa de Torres Vedras, a previsão para a construção de escolas novas ronda os 3 milhões de euros cada. Ou seja, em dois anos de actividades de prolongamento constrói-se uma escola. E sabemos bem quão degradado e lotado está o parque escolar neste concelho.
Eu não sei que prioridades são estas, mas parece-me que há aqui algo de profundamente errado e demagógico. Em vinte anos de docência sempre vi as escolas viverem com muitas dificuldades, conheço o centenário e obsoleto parque escolar do 1º Ciclo e o material que dispõe, e agora vejo este montante de verbas ser deitado ao lixo sem que isso signifique a melhoria da qualidade das escolas e do ensino? Fico lixado, com certeza que fico lixado…

domingo, janeiro 07, 2007

Uma fraude chamada Parque Infantil da Várzea


Hoje vamos falar no Parque Infantil da Várzea. Todos sabemos que Torres Vedras não teve estruturas de apoio à infância deste género durante gerações. O conhecido parque infantil do Choupal eram um equipamento degradado e perigoso e muito fora de mão. Eis que a autarquia construiu o novo Parque Infantil da Várzea há dois anos e os saloios torrienses todos contentes aplaudem e comem tudo sem dizer nada. Portanto se mais ninguém diz, tem este saloio de dizer. E o que eu queria dizer é que aquele parque é uma porcaria. Com toda a certeza foi feito por pessoas que não têm filhos e não sabem o que é estar num parque infantil com crianças. Foram pelo design, pelo bonitinho, pelo diferente, para mostrar quão intelectuais e cultos são, mas esqueceram-se que aquilo é um parque para crianças brincarem com os pais.
Vamos lá então ver, meus senhores, para que serve esta porcaria?


Qual é o divertimento? Apanhar sombra? A as divisórias com tabuinhas são tipo corta-vento? Mas afinal qual é a diversão da coisa?

E o que dizer de varas verticais com mais de 3 metros e as chapinhas com as alturas escritas para lá chegar saltando. Mas quem lá chega? Aquilo é para saltar... mas para que idades??? Outro grande divertimento sem dúvida.

E estes bancos inclinados onde não nos podemos sentar? Quanto teriam custado estas espécie de cadeirinhas onde não se pode estar sentado? Servirão para coçar alguma coisa?


Olhem bem para esta suposta parede de escalada. Nem tem espaço para agarrar. As ranhuras são pequeníssimas. Esta é mais outra daquelas fraudes. Para não falar na segurança. Por isso, à semelhança das anteriores não se vê nem uma criança usar isto.

Supostamente este seria para encestar bolas. Meus amigos... já expirementei e só bolas pequenas passam. Uma tabela de basquete custa só 25 euros... e esta porcaria inútil quanto custou?


O "must" do parque é esta trave que balança para equilíbrio, com um painél com uma espécie de espelhos. Deve ser para treinar dança e depois bater com a testa nos espelhos (são de matéria inquebrável.. senão também já era crime). Mas já viram alguém ali a equilibrar-se. Nem sentado dá para estar ali. E a ideia dos espelhos ao alcance da testa do incauto, o que acham?

Montes e montes de equipamentos que ninguém usa... bestial. Em vez destas tretas pós-modernas que só lesam o erário público e não servem as crianças, poderiam ter umas coisas divertidas onde pudessem efetivamente BRINCAR. Baloiços, sobe-e-desce, escorregas maiores, carroceis... aquelas coisas que todas as crianças gostam... e não me venham com a segurança, pois deve haver equipamentos seguros e divertidos não? Ou agora lá porque são seguros têm que ser uns monos inúteis? É que tirando estas coisas sem nexo, pouco mais resta no Parque Infantil. E não me venham com a desculpa da segurança. Coisas seguras? Então uma barra com mais de três metros para trepar é segura? Uma trave de equilíbrio que balança junto a um painél é segura? Uma parede de escalada sem apoios seguros? Um rapel é seguro??? UAUUUUU nem quero ver o estado da criancinha que cair do rapel. Ainda bem que está sempre partido... é só mais um traste sempre inutilizado conforme atesta a foto.

Convenhamos que metade daquele parque precisa de ser reestruturado. Podiam até consultar pessoas que percebam do assunto, ou simplesmente competentes, bastava só saber ouvir os utilizadores.
E já agora ponham lá uns bancos de madeira para os adultos estarem a vigiar as crianças sentados. Nem uma porcaria de bancos lá tem. Se trabalhassem a semana toda não vinham com essas ideias dos adultos de pé de um lado para outro em dia de descanso. Dirão que aquele grande banco de pedra é um assento. Assento??? É muito design e tal, mas experimentem estar lá sentados 10 minutos e vejam o estado gelado em que fica o vosso rabo. Nunca pensaram porque nunca lá está ninguem sentado? O que eu lhes fazia como castigo por andarem a gastar desta forma o meu dinheiro, era obrigá-los a estar lá sentados meia hora. Olha... filhos é que nunca mais tinham...


domingo, dezembro 31, 2006

Prendinhas de Natal para Torres Vedras

O mono gigante a quem chamam a maior marioneta do mundo, vulgo “Pai Natal”, custou ao dinheiro dos contribuintes a módica quantia de 170 mil Euros. Isto enquanto em escolas do 1º ciclo de Torres Vedras, vendem-se rifas para poder haver tinteiros nas impressoras.
Ficámos também a saber que a pista de gelo de Torres Vedras custou 45 mil euros e que cada vez que trabalha tem que ter um gerador que custa de aluguer 20 mil euros (suponho que por temporada natalícia). Mas ao que parece as entradas cobrem a despesa. A autarquia está contente. O povo também. Viva o Natal e o Torres on Ice. Mas já que falamos de contas e que tal conhecermos as contas da Promotorres?
Outra questão: a autarquia agora faz negócio de divertimentos? E que tal comprar um carrocel e carrinhos de choque? Podíamos ter divertimentos no Verão e no Inverno. O vereador Galvão cobrava as entradas e o presidente Carlos Miguel vendia bifanas e cachorros. Com tanto jeito para os negócios, a autarquia poderia até ter lucros fabulosos, de tal maneira que daria para pagar o Pai Natal e, quem sabe, os trabalhos a mais da variante poente.... sim... os trabalhos a mais... ou julgam que tanto tempo a mais e tanta obra para amparar o monte do Varatojo, vão ser pagos por quem? Por isso... patinem...patinem...

sábado, dezembro 16, 2006

Um piada chamada PDM de Torres Vedras

Na verdade este resultado é bem esclarecedor quanto às questões de fundo no domínio das opções de ordenamento do território, que tem norteado as sucessivas gestões da Coisa Pública do concelho. A coberto do estatuto/figura de "Zonas Turísticas" estavam preparadas umas dezenas de urbanizações encapotadas, nessas Quintas e Quintarolas do concelho, com a benção de muitos e sequiosos ex-dirigentes e actuais manda-chuvas do Partido Sanguessuga local. Uma verdadeira "rede" (para não lhe chamar outra coisa começada por m ... e acabada em a)de interesses montada em benefício, claro está, do "desenvolvimento local", com umas ajudinhas de alguns técnicos do Município e inúmeras propostas do Tony Lanudo, todos interessados, claro está, em apoiar o nosso "atrofiado" Turismo Regional. Valha-nos, e justiça seja feita, a acção do ex-vereador Pistachini Calhau, que muito habilmente ajudou a desmontar esta e outras "jogadas". É claro que a Comissão de Avaliação Governamental (ou lá como isso se chama ...) também ajudou a chumbar muitos destes disparates, manhas e "chico-espertezas". Parece que ficaram espantados com tanta "gula" e machadadas aos princípios básicos e senso-comum nas questões de ordenamento. Aliás, alguém que me desminta se puder, as versões PDM de Torres Vedras constituem já um study-case no seio desta Comissão e um exemplo ao mais alto nível do que não se deve propor e fazer, sendo apresentado entre "especialistas" como um verdadeiro e genuíno monumento, com distinção nacional, da capacidade de distorcer, ludibriar, inverter e inventar novos processos de ordenar o território, ao serviço do "interesse público". Parece que sempre que se fala no PDM de Torres Vedras, um certo esgar sorridente, com tonalidades amarelo-sarcásticas, se instala entre técnicos dos organismos do Estado. Ou seja, se existe recorde do Guiness que poderíamos bater facilmente (em resposta ao desafio do leitor que escreveu sobre o Pai Natal gigante - olhe lá, ele deve é ter uma fomeca e vontade de se pôr a milhas daqui que fica com aquela cara) seria este: habilidades e técnicas revolucionárias de fazer PDM's. Podíamos até exportar a nosso Know-How neste área de conhecimento. E até temos uma ou duas mãos cheias de especialistas prontinhos a trabalhar ...Espero que este contributo tenha sido útil e motivador para alguma resposta. Bem hajam e levem lá uma sopinha ao Pai Natal da Avenida (metam-no na lista de apoio diário domiciliário da misericórdia local ...)

Assinado: Uma regressada Ave do Sizandro (que não é do PSD ou de qualquer outro partido, mas aprecia e sabe valorizar a acção de verdadeiros patriotas, que colocam o interesse público e a defesa da nossa paisagem - única e preciosa - antes dos interesses privados de construtores, promotores imobiliários, agentes políticos que dão acessoria "gratuita" e vendedores de caras e rabos de bacalhau)

sexta-feira, dezembro 15, 2006

SONDAGEM 2: O PDM quer é mais áreas turísticas

Após o estrondoso sucesso da sondagem nº1 do Sizandro que elegeu o Prédio Cor-de-Rosa como símbolo de marca para Torres Vedras, eis que se repete mais um êxito com a sondagem sobre “Quando será aprovado o PDM de Torres Vedras?”. Depois de uma luta renhida entre a resposta “Quando conseguirem meter mais umas zonas turísticas” e “Quando o meu quintal for área urbana”, os cerca de 300 leitores votantes elegeram a primeira, consagrando assim a velha máxima torriense de esticar ao máximo o elástico e tentar urbanizar a coberto das mais variadas artimanhas, como as chamadas “zonas turísticas”.
A votação dos leitores, não deixa margem para dúvida: afinal nem todos os torrienses são otários e, por muito esforço que grande parte da classe política faça para ludibriar a populaça, acabam sempre por aparecer uns que não gostam de ser tomados por parvos.
Seria melhor que o PDM fosse realista e honesto, mas aprovado, do que continuarmos nesta tentativa desesperada de fazer um PDM à medida de alguns amigos, mas que nunca mais passa.
O povo votou, está votado.

domingo, dezembro 10, 2006

Torres on Ice

Segundo ouvi, o pressuposto é que a pista se pague a ela própria. Se isso for assim não vejo grande problema. Se for assim, porque nestas histórias geladas ... Agora, confesso, Pai Natal pago pela CMTV para concursos do Guiness é que custa muito a engolir (apesar de muito bem executado) ... Tendo em conta as carências descritas e outras mais, miseráveis e mesquinhas. Sr. Vereador Luis Carlos, é capaz de nos informar (já agora, para quando um blogue seu ou da oposição, com notícias, fotos, vídeos, propostas, fóruns? Não custa muito e bem divulgado tem grande eficácia. E assim não tínhamos de gramar a nossa informação escrita local caquéctica e comprometida). Quanto é que a Associação dos Comerciantes ACIRO pagou para a Festa? Porque isto foi feito para atrair gente para o comércio tradicional, não foi? Os pedinchas dos comerciantes da praça estão sempre à espera que a CMTV pague a factura toda! Ou isto não passa de mais um dos folclores Torrenses tão ao gosto do provincianismo local? Ou será uma moda regional com origem lá para o lado de Óbidos, que resolveu besuntar o castelinho de chocolate, para ganhar visibilidade nacional! E não é que os média gostam e o povão também. Resta saber que mais valias de substância trazem,mas isso é outra coisa. Talvez Óbidos até se possa dar a esses luxos, tendo em conta o lastro histórico que já dispõem e a notoriedade já consolidada. Agora Torres Vedras quer passar que imagem para fora, para além do Carnaval? O que podemos potenciar, reforçando os valores/património locais e, ao mesmo tempo, criando energias/sinergias de mobilização das pessoas em torno da sua identidade, melhorando a auto-estima e conhecimento da sua realidade? Não é concerteza com Pais Natais que isso acontece! Elementos ligados à nossa rica história e pré-história local ou às actividades agrícolas seriam decerto muito importantes. Com um bocadinho de imaginação ... E se não tiverem, peçam ajuda que várias cabeças pensam melhor ... Já imaginaram se em vez de um Pai Natal (que funciona sempre, é claro) se pegássemos na história real que nos bateu à porta, com franceses e ingleses em animadas pelejas. Uma reconstituição de uma batalha, de uma tomada de um forte, com malta local a participar e envolvendo as sociedades históricas inglesas e portuguesas? Isto é só uma ideia, porque com o material histórico que temos é possível acrescentar várias outras.
Proponho um concurso de ideias aqui no Sizandro, para esta cidade bater mais uns recordes (assim já aparece mais vezes na TV, né) ... Primeira sugestão: uma macaco gigante, vestido de Pai Natal, que desse grandes gargalhadas de cada vez que se aproximasse um indígena com ideias de se colocar em bicos de pé para chamar a atenção do país. Apesar do bom serviço do Sizandro, sugiro um convite online a um maior número de personagens pensantes da terrinha, para animar isto e criar um verdadeiro e livre fórum de debate e reflexão ... Não será difícil arranjar os mail´s da intelligentia autóctone, capaz de escrever umas coisas com pés e cabeça, convidando-os a participarem ... Bem é só uma ideia cheia de vontade em criar um verdadeiro debate, nesta cidade e concelho cinzento, medroso e bafiento no que diz respeito a debate democrático. Ah! se as oposições se espevitassem um pouco mais ... Peço desculpa, mas hoje estou com vontade de cidadanear um pouco. Não é que os estímulos sejam muitos nesta terrinha, mas às vezes bate um pouco mais forte. Saudações natalícias. E o Pai Natal Gigante não faz o pino? E depois cai-lhe a carapuça? O que é que ele pensará durante a noite ali sozinho, E mija? O polícia fala com ele e conforta-o? Tem frio? É que às vezes passo por lá e parece-me um pouco deprimido,com um ar abatido. E quando tem comichão no prepúcio, tem lá uma tecla para isso? Vou para a cama angustiado com isto ...

Desabafos de leitor anónimo

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Torres no Gelo

Enquanto continuam congeladas obras estruturais para o desenvolvimento de Torres Vedras, como as escolas da carta educativa, as piscinas municipais, o complexo desportivo, a zona histórica, o Choupal, o Castro do Zambujal, a variante poente... eis que a autarquia continua na senda de dar circo ao povo. Desta vez adquiriu uma pista de gelo. Coisa necessária e importante. Um outro investimento muito prioritário foi o do Pai Natal gigante que, ao que parece, vai para o Guiness. Ou seja, enquanto falta dinheiro nas escolas primárias para o papel higiénico, fotocópias e aquecimento, vai-se entretendo o povo. É mesmo de gelar...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Escola a tempo inteiro, família a meio tempo

A escola é agora chamada a responder a questões que lhe são alheias, mas que a sociedade criou e não resolve, como a teoria da escola a tempo inteiro, para os pais poderem trabalhar. Ou seja, uma via para permitir o funcionamento do mercado de trabalho, mas que não compete à escola fazê-lo. Concordo com o princípio que a escola pode promover repostas extra-curriculares onde as famílias não necessitem de pagar para os filhos terem acesso a experiências, que de outra forma nunca teriam. Mas para isso é necessário salvaguardar o fundamento da escola e não o fazer à custa daquilo que a escola tem por missão e que é: ensinar. Embuido de um espírito neo-liberal grotesco, o nosso Ministério da Educação apresenta como a sua grande reforma o prolongamento do horário escolar. E aqui, mais uma vez, quando os princípios são baixinhos, o resultado é mau.
1- Estão neste momento a gastar-se centenas de milhares de euros em todo o país para pôr de pé um sistema de escola a tempo inteiro, envolvendo profissionais desqualificados e mal pagos, instalações improvisadas e autarcas que nunca cumpriram as suas obrigações de zelar pela escola do 1º Ciclo e que agora parece já terem rios de dinheiro. Mas para o essencial nunca há dinheiro. Aliás nem para foitocópias, nem para papel-higiénico...
2- Através de uma engenharia linguística conseguiu-se que os docentes do 1º Ciclo ficassem com a sua turma mais duas horas por semana, para além das 25, numa actividade chamada “Apoio ao Estudo” que, não sendo considerada tempo lectivo, obriga os sacrificados professores a prolongarem o seu dia de trabalho e, muitas vezes cortarem os dias a meio indo duas vezes à escola, com resultados medíocres e que só promovem o cansaço e a desautorização dos docentes.
3- Fazem-se horários lectivos cortados a meio onde os alunos vão para as actividades extra a meio do dia e depois voltam cansados e agitados, tendo o docente ficado à espera com o horário cortado e sem que lhe paguem essas horas. Isto tem enormes custos na actividade lectiva e na qualidade do ensino, mas parece que ninguém está interessado nisso. Muitas destas actividades são fora da escola em colectividades, envolvendo logísticas e custos brutais para um resultado final mínimo, para afinal encapotar subsídios a associações, em vez de dotar as escolas de meios para o fazer.
4- Muitos alunos ficam das 8h30 até às 17h30 na escola e, por vezes até mais, em caso dos horários duplos, revelando cansaço, desconcentração e menos valorização do essencial da escola a sério, querendo antes a escola a brincar que lhes é oferecida.
5- Os pais, que eventualmente querem ir buscar os filhos mais cedo, não podem, porque em muitos casos as horas lectivas terminam o dia e, portanto, o horário de permanência na escola passa a ser obrigatório sob pena de não terem todas as horas com o professor da turma.
6- Obrigam-se os agrupamentos a um esforço organizativo brutal, descentrando e desgastando a gestão e os docentes daquilo que realmente mereceria o seu empenho e trabalho.
Eu, que até sou pelo prolongamento de horários, nem quero acreditar que isso está neste momento a desgastar e desconcentrar os alunos, os professores e verbas astronómicas, atolando as crianças de actividades a um ritmo alucinante e (pior) a ter consequências negativas na aprendizagem, na qualidade do ensino, na organização e método dos professores e na organização das famílias, que ainda poderiam ter os seus filhos consigo mais cedo. É assim tão difícil a este ME fazer as coisas sem as estragar? Era assim tão difícil implementar as coisas com bom senso, com tempo, de acordo com as dinâmicas e necessidades de cada agrupamento de escolas? Seria assim tão difícil não comprometer os horários e as actividades lectivas? Seria tão difícil respeitar os docentes e o seu trabalho? Não há ninguém que veja que estas palhaçadas não contribuem em nada para a qualidade do ensino nem para a melhoria da formação dos jovens?

terça-feira, novembro 07, 2006

Vereadora do Urbanismo nem aqueceu o lugar

Ficámos a saber esta semana que a vereadora do Urbanismo da Câmara de Torres Vedras renunciou ao cargo por razões profissionais e académicas. A arquitecta Cristina Castelo Branco integrou as listas do PS há cerca de um ano e desde logo o cidadão se questionou sobre a razão pela qual uma pessoa fora da máquina do partido, com uma actividade profissional tão prestigiada e repleta, se dispunha a ser vereadora, com naturais perdas de rendimento e notórios problemas de compatibilidade com o gabinete de arquitectura que faz parte, mesmo cessando a actividade. Mas trata-se de uma pessoa com provas dadas e prestígio na área, e isso acrescentava uma imagem de credibilidade e competência numa das áreas mais sensíveis e mais “desarrumadas” da gestão socialista. Sendo independente e tendo esta imagem, com certeza que mobilizou muitas simpatias para a votação no PS, especialmente naqueles que estavam fartos da gestão de “mercearia” que o urbanismo e o planeamento têm tido ao longo dos anos.
Em virtude deste abandono, o presidente, Carlos Miguel, assume o Urbanismo. Ora lá voltamos ao mesmo: novamente os presidentes a tomar conta do “negócio”, com o núcleo duro do PS a chamar a si as áreas chave.
Portanto é lícito deixarmos no ar diversas questões que Carlos Miguel deveria responder, nomeadamente se este abandono, mais do que prematuro, já era conhecido antes das eleições e se a eleição da arquitecta não terá sido uma manobra para dar credibilidade à lista e ao pelouro, acabando depois por tudo voltar para as mãos do presidente? Se os torrienses soubessem que estavam a votar numa senhora de fachada, teria sido o mesmo sentido de voto?
Não será isto demasiado conveniente para Carlos Miguel, cujas ligações profissionais anteriores a empresas de construção lhe retiravam alguma credibilidade para assumir a pasta directamente e que assim a assume indirectamente?

quarta-feira, outubro 25, 2006

Linha do Oeste a todo o VAPOR

A centenária e histórica Linha do Oeste está moribunda. E parece que a CP descobriu isso agora... muito provavelmente tarde de mais.
Numa altura em que se incentiva o uso do transporte público e sendo conhecida a relação de proximidade que Torres Vedras tem com Lisboa em termos de serviços, comércio e educação, por exemplo, a Linha do Oeste chegou a um estado de indigência , que é considerado pela CP como "deficitário". Tem uma taxa de pouco mais de 25%. Porque será?
Basta tentar andar de comboio que logo se descobre.
Uma simples viagem de Torres a Lisboa demora cerca de 1h30, mais do dobro de automóvel ou expresso. Mas tem ainda de se mudar de comboio em Meleças, pois só há 4 directos em 16, e estes directos entraram só desde Outubro em funcionamento. Ao todo há 16 comboios de ida e 16 de regresso, dos quais apenas 4 de ida e 4 de regresso não param em todas as estações e apeadeiros e são directos. E quando digo TODAS as estações e apeadeiros refiro-me a 24 paragens no percurso.
E isto já é o panorama após as mudanças que a CP fez para melhorar a situação. Portanto imagine-se antes da mudança.
Uma linha que não tinha comboios directos a Lisboa, onde circulavam apenas comboios regionais, que faz 45 km de percurso numa hora e meia e que pára 24 vezes....porque será que se tornou deficitária?
E a criação destes 4 directos (a demorar na mesma 1h30) vão agora captar os clientes que a CP enxotou durante anos? Duvido.
E já agora, se pensar demorar-se em Lisboa, saiba que o último comboio de regresso é às 20h43, se o perder só às 5 da matina do dia seguinte e com 24 paragens. E atenção que aos Domingos não há o das 5 da manhã, só pode regressar às 6h30. Portanto ficar para tarde em Lisboa de comboio só para malucos e ao Sábado para suicidas.

domingo, outubro 15, 2006

Melhor é impossível

Dizia o nosso Primeiro Ministro José Sócrates em relação ao acordo com o IMT: “Queremos estar ao lado dos melhores”.
Mas a questão é: será que os melhores querem estar ao lado dele sem que lhes pague para isso?
Porque em matéria de Educação para além de nos estarmos a afastar a passos largos dos melhores, temos ainda por cima um Ministério da Educação que nem faz a mínima ideia de quem são os melhores...
Se calhar Sócrates deveria estar ao lado dos melhores, mas começar primeiro cá dentro.

sexta-feira, outubro 13, 2006

E dura... dura... dura...

Confrontado com os protestos de professores e funcionários em geral, José Sócrates mantém a velha máxima de que: - “É necessário ter coragem para continuar as medidas que o país necessita”.
Uma frase simples, mas que merece três comentários:
1º- “continuar” Mas vai continuar? É que eu já mal tenho dinheiro para pagar as contas, as prestações e comer... se vai continuar a tirar-me dinheiro... não sei se aguento
2º “coragem”- Coragem para tirar à classe média, cortar no orçamento da saúde na educação e na segurança social? A isso eu chamo outra coisa.
3º “medidas necessárias”. Mas quem é que iluminou este senhor de forma a ser ele apenas a ver quais são realmente as medidas que o país precisa? Ele já parou para pensar se são mesmo estas as melhores medidas? E são mesmo estas as necessárias, ou podem ser outras? Mais um que tem a mania que sabe tudo sozinho.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Se o senhor doutor não se importa volto cá mais tarde


Este Governo continua a sua verborreia legislativa. Todas as madrugadas José Sócrates telefona a cada Ministro para saber qual é a lei que sai. Não é preciso que resolva qualquer problema, nem que faça qualquer reforma, o que é preciso é ter uma medida em cada dia. Não se sabe que modelos têm os ministérios, ou que linhas são seguidas. A vertigem está de tal maneira que já se passam as barreiras do bom senso. Na saúde as coisas atingem já o nível da demência. As anunciadas taxas moderadoras para as cirurgias e internamentos com o intuito de “moderar” a procura destes serviços, poderia ser uma boa piada de taberna, não fosse eu próprio ter ouvido o Ministro a dizê-lo.
O homem estava tão atrapalhado nesse dia para apresentar uma medida que disse o que primeiro lhe veio à cabeça, já que não há muito mais para destruir na saúde. Agora poupar mais, só mesmo começando a matar as pessoas. Estou mesmo a ver a cena do desgraçado a entrar na sala de operações e desistir, porque afinal a apendicite aguda não é assim tão má e há que moderar a procura. Como se as pessoas pudessem ter escolha.
Este infeliz pensamento do Ministro da Saúde é a prova de como uma pessoa tida como sabedora e competente numa determinada área, pode ficar transformada (ou transtornada) quando incluída numa bando de tecnocratas geridos por um engenheiro civil.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Vereador PSD responde: Campos relvados não são coisa pacífica

Recebemos uma amável carta do vereador do PSD na autarquia torriense, Luis Carlos Lopes, lembrando-nos que a posição deste partido foi crítica em relação ao assunto "campos relvados". Como aqui criticámos este grupo político por passividade, damos agora a mão à plamatória e publicamos o esclarecimento do vereador, que achamos muito interessante, especialmente o ponto 6, que vem reforçar a nossa posição de que o estado de caos nas estruturas educativas do 1º ciclo em Torres Vedras tem a ver com incompetência e falta de planeamento do PS e não com a falta de verbas.

"Caro Sizandro

Foi com prazer que reparei hoje , num conjunto de posts "publicados" no blog durante este ultimo mês.
Não posso todavia de comentar o post relativo aos campos relvados.
No mesmo e tendo por base o artigo do Badaladas são feitos considerandos sobre a postura de toda a oposição incluindo-me a mim próprio durante a reuniãoo de Câmara pública de 22/08/2005.
Mesmo supondo não ter o prazer de o conhecer sinto-me na obrigação de lhe dar os seguintes esclarecimentos:

1- Durante o mandato anterior eu próprio e o PSD manifestámos a nossa objecção no que respeita ao processo "campos relvados". Por tal facto, mesmo entre a massa eletoral nossa apoiante fomos objecto de variadas criticas.
Em vários momentos votámos contra e inclusivê "obrigámos" a que o processo tivesse de ser discutido em A. Municipal.

2- Todavia tomada a decisão pelo PS na CMTV (e ratificada na AM) da instalação de 12 campos relvados ( 6 em 2005 e 6 em 2006) com uma determinada ordenação de campos / clubes foram geradas expectativas ( mesmo que não concordassemos com o processo ) que devem ser cumpridas. Se tal não ocorrer estaremos a pactuar com situações de mero eleitoralismo e utilização do dinheiro publico para execução de obra nos momentos determinantes dos ciclos eleitorais.

3- Foi nesse sentido a nossa intervenção na reunião de Câmara

4- A comunicação social , necessáriamente livre, reproduz apenas fragmentos das intervenções, que sendo citadas fora do contexto dão ideias nem sempre fidedignas da intenção dos intervenientes. Sempre foi assim e sempre será. É uma inevitabilidade.

5- Tal como o Sizandro sou muito mais sensivel ao problema das escolas do 1º Ciclo.Acho igualmnte lamentavel a falta de investimento ao longo dos anos. Falo como autarca e como pai de um aluno do 4º ano da escola da Conquinha.
Poderá constatar tal facto se ler a minha crónica escrita a 22/08 e publicada a 24/08 no
Frente Oeste.

6- Infelizmente a falta de obra em Torres Vedras ou o seu atraso, continua a não ser causada por falta de verbas. Ainda este ano o orçamento da CMTV é da ordem dos 45 milhoes de Euro. Multiplos outros factores são geradores dos atrasos.

Na certeza que o Sizandro continuará o seu serviço publico , aqui ficam os meus melhores cumprimentos.

Luis Carlos Lopes"

quarta-feira, setembro 06, 2006

Variante Poente: o paradigma da propaganda e dos prazos não cumpridos

As obras da segunda parte da Variante Poente à cidade de Torres Vedras deveriam estar terminadas, mas o estado da coisa é o que se vê.
Quando foi colocado um estrondoso cartaz anunciando a obra, por coincidência a oito dias antes das eleições autárquicas, os torrienses ficaram espantados. Não só pelo facto de se tratar de uma manobra eleitoral descarada com dinheiros públicos, mas também por lá dizer que a via estava pronta num ano.
Quanto aos aspectos propagandísticos, já estamos habituados... quem não se recorda dos muitos cartazes anunciando obras prometidas espalhados pelo concelho em vésperas de eleições... mas quanto ao prazo de construção, aí, toda a gente estranhou, porque nunca se viu uma obra daquelas, com 1,8 quilómetros ser feita num só ano. Temos uma longa tradição de não cumprir prazos.
E a verdade é que estamos no prazo anunciado e agora a desculpa foi o deslizamento de terras, pois o Inverno foi muito rigoroso. OK, a gente finge que acredita porque gostamos de fazer figura de otários. Mas era óbvio que não havia tempo e agora desulpam-se com a cena da chuva. Até parece que no Inverno faz sol e que as encostas não escorregam. Enfim... planificação à portuguesa.
Agora o nosso presidente Carlos Miguel diz que vai dar mais uns meses... só esperamos que não chova outra vez e a coisa venha a derrapar de vez. Porque isto de derrapagens das vias poentes é uma chatisse. Quem não se lembra dos famosos “trabalhos a mais” para construir a primeira parte da via poente? Custaram quase tanto com a via em si e parece que tudo aconteceu por falta de planeamento. Dizem que foi por isso que ficou a meio.
Por isso, o que todos agora desejamos é que a segunda parte da via poente não “derrape” mais e, já que não acaba no prazo (já estamos habituados), pelo menos que custe só o que está orçamentado (2.316.556,63 euros). Estamos no Verão e agora não chove para derrapagens dessas.

terça-feira, agosto 29, 2006

Igualdade de oportunidades na Educação cada vez mais longe

Era só para lembrar que a média de preços dos manuais escolares para o segundo e terceiro ciclos do ensino básico se situa entre os 250 e os 300 Euros. E estou só a falar dos manuais. Acresce a esta “pequena despesa” o material escolar corrente, o material específico para as disciplinas tecnológicas e expressivas, o equipamento de educação física e uma mochila. Assim, por cada aluno as famílias terão que ter pelo menos 500 Euros (100 contos) disponíveis já este mês. Uma soma que é superior ao rendimento mensal de um número brutal de famílias portuguesas. Agora imaginem ter dois filhos.... ou três. Não contamos aqui com os custos dos ATL e das explicações, porque isso está de fora de questão para muitas famílias.
O lobby das editoras de manuais deve ser enfrentado com coragem. Professores e Estado curvam-se perante esta verdadeira praga, sem contabilizar os custos que isso representa para as famílias e também para o ensino, pois dar aulas pelo manual é a mais pobre estratégia pedagógica de sempre. Nem conseguem que as escolas mantenham os mesmos livros por dois ou três anos. Todos os anos mudam. E não me venham com aquela ideia deprimente da troca de manuais escolares para os "pobrezinhos". Isso só de alguém demente. Os desgraçados dos putos sem recursos têm que estimar os livrinhos e depois entregar no fim do ano para receber outros também em segunda mão, enquanto os outros podem ficar com os livros em casa e usá-los ao longo da vida escolar. Que ideia deprimente. É necessário que o Estado promova a verdadeira igualdade de oportunidades e isso começa logo no acesso a uma escola de qualidade com os apoios e os serviços acessíveis a TODOS.
Depois não se queixem que as famílias não têm filhos e que há muito abandono escolar. Porque será?
Porque continuamos a viver num país onde compensa não constituir família, compensa não apostar em educação e cultura, compensa não pagar os impostos e não cumprir as obrigações de cidadania.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Oposição na autarquia de Torres Vedras alinha numa peladinha

Lê-se no Badaladas desta semana uma das novidades da reunião do executivo camarário torriense, acerca da continuação da construção de mais relvados sintéticos no concelho. Vão ser arrelvados mais três campos este ano e quatro para o ano 2007. Cada relvado custará 50 mil contos e são 12 no total, o que significa que iremos pagar 600 mil contos para o futebol.
A sempre atenta e acutilante oposição levantou-se e esgrimiu revoltada: “Caetano Dinis, vereador do CDU, levantou dúvidas quanto aos critérios que estiveram na base da elencagem dos campos contemplados”. Ao que o presidente Carlos Miguel, já a tremer de medo respondeu: “que um dos principais pontos tidos em linha de conta continua a ser a aposta dos clubes na área da formação desportiva”. (leia-se futebol)
Não contente, a oposição continuou ao ataque, desta vez Luís Sousa Lopes, vereador do PSD, “lamentou ainda o atraso do projecto, uma vez que as previsões iniciais apontavam para a conclusão dos arrelvamentos ainda este ano”.
Ficámos todos muito contentes por ver a nossa oposição tão dinâmica e acutilante, na crítica e na defesa dos interesses do concelho. Felizmente que temos oposição, porque se assim não fosse, o PS fazia o que queria.

Eu já nem sei o que é pior, se é ver gastar dinheiro mal gasto, quando tantas coisas mais importantes estão por fazer (como por exemplo nas escolas do 1º CEB), ou se é perceber que a oposição embarca nesta demagogia barata em vez de fazer o que lhe compete.

quinta-feira, agosto 24, 2006

SONDAGEM 1: Símbolo de Torres Vedras é Prédio Cor-de-Rosa


Depois de uma votação muito participada e renhida, os leitores do Sizandro elegeram o “Prédio Cor-de-Rosa” como o símbolo de Torres Vedras, tendo-se transformado no novo ex-líbris da cidade. Deixou o “Pastel de Feijão para trás, após grande combate, mas o povo é quem manda. “Maria Cachucha” foi relegada para terceiro lugar, seguida do “Rio Sizandro”, destronado dos seus tempos de glória.
Após esta votação, será elaborado um documento para a Assembleia Municipal de Torres Vedras solicitando que a marca “Torres Vedras” tenha a imagem do Prédio associada, para torrienses e estrangeiros poderem reconhecer de imediato em qualquer lugar esta denominação. Trata-se, sem dúvida de um símbolo da cultura e das gentes torrienses, representando o que de melhor esta cidade tem para oferecer.
Agradecemos a todos os votantes. O sucesso desta primeira sondagem levou-nos já a lançar um segundo estudo de opinião sobre o PDM, que, estamos certos, terá também enorme adesão.

NOTA: Esta sondagem teve como universo os leitores do Sizandro que quiseram votar e que clicaram nas bolinhas do coiso da sondagem nestes últimos seis meses. Devem todos ter telefone (pelo menos têm internet e pagam a assinatura à Telecom como qualquer vulgar otário). Residem no Continente, nas Ilhas ou mesmo em sítios longe pois há aqueles que têm Internet sem fios. Uns são homens, outros mulheres e outros são alegres cidadãos (não temos nada a ver com a vida das pessoas), com idades desde os mais novos aos velhos como a Maria Cachucha. A margem de erro é bué grande e o grau de fiabilidade é discutível para alguns teóricos mal intencionados.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Vergonhosa falta de condições nas Escolas de 1ºCEB de Torres Vedras

No início do ano lectivo 2006/2007, volta a equacionar-se nas escolas de primeiro ciclo da cidade de Torres Vedras o velho problema da sobrelotação.É uma situação recorrente que tem um custo brutal para centenas de famílias e para o desenvolvimento das próprias crianças.O facto das escolas não terem espaço físico, leva a que as turmas funcionem em regime de desdobramento (metade de manhã e metade de tarde), para rentabilizar cada sala com duas turmas. Isto leva a que todas as salas estejam ocupadas, impedindo a realização de actividades de complemento lectivo, de apoio ao estudo e outras. As famílias são obrigadas a recorrer a ATL que estão igualmente lotados e que representam um custo financeiro considerável.Este ano dá-se o caso de 25 alunos que completam a idade escolar após 15 de Setembro, ficarem de fora da escola da Conquinha. Uma situação legal, mas contrária à vontade das famílias e, em muitos casos, ao bom desenvolvimento das crianças.Acresce o facto da falta de condições físicas das duas escolas para criar espaços dignos de aprendizagem que não se confinem à sala de aula, nomeadamente centros de recursos, informática, expressões, apoio educativo, actividades extra-curriculares, gabinetes para docentes e técnicos... etc.. etc...Chegámos a esta situação de evidente e previsível falta de qualidade na oferta. E de quem é a responsabilidade? Muito concretamente do executivo camarário. Nunca se percebeu porque o crescimento populacional de Torres Vedras sempre foi devidamente previsto e fundamentado em estudos como o PDM e outros, mas nunca se tenham daí tirado as devidas elações na criação das respectivas estruturas de ensino.A incompetência dos sucessivos responsáveis da pasta da educação (sempre a cargo do PS) na autarquia torriense, originou esta situação de completo desrespeito pelas famílias, alunos e professores.Trata-se de uma situação com implicações graves no desenvolvimento futuro do concelho e das próximas gerações e que demonstra bem a falta de capacidade de gestão que esta autarquia tem demonstrado na área da educação.Como consequência proliferam escola privadas, que vão ao encontro das necessidades das famílias, porque as entidades oficiais falham a sua missão.E pelo andar da carruagem vamos ainda ter de esperar muito por centros educativos condignos na cidade de Torres Vedras.Com a perspectiva de um último Quadro comunitário de Apoio, Torres Vedras não pode deixar passar mais esta oportunidade. A carta educativa de Torres Vedras não pode ser mais um elefante branco em termos de planeamento sob pena de continuar por muitos e bons anos esta situação de vergonhosa falta de condições de ensino na cidade de Torres Vedras. Esperamos pois, que a ampliação do 1º ciclo no Agrupamento Padre Francisco Soares, criando a EBI P.F.Soares, bem como a construção de raiz de uma nova EB1/JI de Torres Vedras Sul, passem do papel. Mas a primeira deveria começar em 2005/2006 e a segunda está prevista para 2006/2007. Estes dois investimentos somam-se a outros de vulto, como a construção de raiz de uma nova EB 12/JI do Litoral em Silveira já em 2005/2006, entre muitos outros investimentos previstos até 2007. E isto seria só uma primeira fase.Como não vejo obras a avançar, temo que ainda passem muitos e bons anos até se conseguir recuperar o atraso de pelo menos uma década de desinvestimento nas estruturas educativas da cidade de Torres Vedras e seu concelho, ao nível do 1º Ciclo, que são de responsabilidade camarária.

>> Clicar na imagem para ver quadro das prioridades da Carta Educativa

sexta-feira, junho 02, 2006

O principio do fim da escola pública portuguesa

À noite vê-se os alunos insultar os professores e de manhã ouve-se a Ministra dizer que, para além de demasiadamente bem pagos, faltosos, amigos do compadrio e incompetentes, os professores são a causa do mau estado da Educação em Portugal. É, sem dúvida, um discurso digno de um Ministro da Educação, nem um feirante diria melhor. É mesmo o discurso ideal para valorizar a escola e os professores... não é nada promotor de desrespeito e violência... nada!
Podemos até extrapolar e dizer que a culpa dos incêndios é dos bombeiros, ou até que a culpa do crime e dos polícias. Há coisas que eu não sabia serem possíveis ser ditas por um Ministro. Não há dúvida que o Ministério da Educação é muito expedito no diagnóstico. Mas o que eu ainda não ouvi daquelas doutas bocas, são as medidas concretas para qualificar o ensino, a formação dos professores e as escolas. A única coisa que se ouve são os exames aos professores, as notas aos professores, as horas dos professores, as faltas dos professores, a avaliação dos professores pelas empregadas de limpeza da escola... tudo pura e mera propaganda, demagogia e desonestidade intelectual.
A receita é simples: primeiro denigre-se toda uma classe profissional e depois aplicam-se medidas draconianas que cortam direitos e violentam o estatuto profissional. Tudo única e exclusivamente com a finalidade de supostamente poupar dinheiro ao Estado, nada mais. Como a opinião pública está já contra os professores, porque são uns malandros e os pais estão muito contentes porque prevêem que os filhos só vão a casa dormir e podem depois avaliar os professores; todo o impacto negativo que as medidas irão ter na Educação passa despercebido. Só pessoas completamente desprovidas de senso acreditam que este Ministério está a tornar o ensino em Portugal melhor.
Aliás, bastaria apenas o facto desta avaliação dos pais “à actividade lectiva” dos professores, para perceber a ideia de professor e de escola que esta gente tem, bem como o respeito por matérias científicas sensíveis como a avaliação.
Mas se calhar, um país de ignorantes deve ter um Governo de incompetentes e uma Escola de pastoreio.
Isto para não falar dos interesses privados que nesta matéria andam muito calados... porque será? Esfregam as mãos de contentes, porque quem tem dinheiro vai colocar os filhos onde?: numa escola pública feita aos cacos (que é como vai ficar após a intervenção dos actuais dirigentes); ou numa escola privada? Eu sabia que estávamos perante um Governo de neo-liberalismo barato e de marketing, onde populam os “dandi” de gravatinha, que analisam um povo à luz de uma folha de balancete, o que eu nunca pensei que fosse possível num país minimamente desenvolvido, era que esses princípios pudessem ser adaptados à Educação.
E enquanto tudo corre sobre rodas a este Ministério completamente a Leste do que é a Educação num país civilizado, os seus responsáveis continuam a agir como se a qualificação do ensino em Portugal se fizesse sem os professores, ou pior, degradando a profissão de tal maneira, que qualquer dia só dá aulas quem não consegue mesmo fazer mais nada.

terça-feira, maio 09, 2006

Sempre Alerta

Mais uma oportuna, atempada e acutilante intervenção do nosso dinâmico Presidente da República.
Em rescaldo do dia da mães, quando o país se levanta contra o fecho de maternidades e após diversas providencias cautelares terem sido deferidas pelos tribunais, a guerra com o Ministério está instalada.
Vamos agora em directo para a Presidência da República para ouvir Sua Excelência o professor Cavaco Silva:


Foi a intervenção do nosso sempre atento presidente... um grande bem-haja para si também.

segunda-feira, maio 08, 2006

Presidente em branco

Os novos dados colocam-nos na cauda da Europa por longos e bons anos. Seremos os mais pobre da Europa em 2050. Parece que o nosso presidente está preocupado. Dizem umas vozes que ele está até a ficar triste com a performance económica do país. Deve ser por isso que está tão calado e até o site "cavacosilva.pt" está em branco. Mais que um choque tecnológico, parece já um choque anafilático.


É claro que não vão faltar vozes maldosas a criticar Cavaco Silva, dizendo que ele é um presidente ausente e tal…
Eu, por mim, acho a estratégia de ele estar calado muito boa… já temos miséria que chegue.

domingo, maio 07, 2006

Reforma vitalícia

Após diversas ameaças devidamente estudadas com intuíto de causar o pânico nos portugueses, eis que surge agora o salvador da pátria com uma solução espectacular para a Segurança Social. O povo, amedrontado com a propaganda cirúrgica que este Governo faz sempre que pretende abordar um assunto, estava em ponto de rebuçado e preparado para aceitar qualquer negócio.
A brilhante solução encontrada foi a mesma que normalmente qualquer merceeiro toma. Não há dinheiro, baixam-se as reformas. Mas para não dizer as coisas assim a seco os salvadores da pátria encontraram 3 opções à escolha do cliente, mas que na prática significam menos reforma. Com as contas a serem feitas a toda a carreira contributiva, com o aumento de mais dez anos de trabalho à Função Pública e com as 3 opções peregrinas apresentadas. A conclusão é a mesma: baixam as reformas.
Ora, não é preciso ser génio das finanças para fazer isto. É só cortar a despesa. Não percebo para que se gasta tanto dinheiro no Ministério das Finanças. Chamavam o meu merceeiro e ele explicava isso. Mas como não o chamaram, não puderam também ouvir dele um outro aspecto destas coisas, que é o aumento da receita. Porque um merceeiro não corta só na despesa, mas engendra maneiras de aumentar a receita. Mas isso parece não ser importante para os nossos iluminados. Não interessa ir buscar o dinheiro onde ele está, para não perturbar os amigos empresários e investidores, o que interessa é ir diminuindo tanto as reformas e aumentar tanto o tempo de trabalho, que num futuro próximo acabam as reformas e pronto. O pessoal morre a trabalhar, mas tem também a vantagem de não ter que fazer descontos e assim acaba-se a Segurança Social.

sábado, maio 06, 2006

Sou um traste inútil

Como é que querem que as pessoas andem motivadas. Um tipo trabalha a semana toda de manhã à noite. Desgasta-se aos bocados dia após dia. Não tem dinheiro para sair ao fim de semana. O décimo terceiro mês é para pagár dívidas. O salário e os escalões congelados. A reforma foi adiada 10 anos, agora só daqui a 25 anos. E depois na TV são só notícias a dizer mal de mim, de como eu sou excedentário, faço o Estado gastar muito, não produzo. Toma lá mais gazolina blá blá blá... os combustívies só têm tendência a aumanetar, porque blá blá blá..., a prestação da casa também porque blá blá blá... não se sabe se haverá dinheiro para as reformas porque blá blá blá.... Tenho de deixar de ver televisão. Apanho cada susto e todos os dias estas notícias deixam-me deprimido. A única coisa que parece que produzo bem são úlceras no duodeno.

domingo, abril 16, 2006

De cócoras

Há montanhas de factos a contribuir para este nosso estado de espírito tão em baixo.
Apesar de tudo é de nós próprios que precisamos de ser protegidos. Porque nós somos, de facto, um povo muito curvado e servil, sem brio ou amor-próprio. Valorizamos coisas de nada e depois passamos ao lado do que é realmente importante.
Um exemplo disso é o servilismo com que lidamos com gente com dinheiro. Logo que surge um tipo abastado, pronto... ficamos logo de cócoras. Temos esta organização social que só dá poder a quem tem dinheiro e depois passamos a vida de gatas em frente a meia dúzia de money makers.
Veja-se o exemplo da visita do Bill Gates. Aquilo foi uma humilhação. O nosso Governos todo aperaltado a prestar vassalagem ao homem mais rico do mundo. Foi triste o espectáculo.
Outro exemplo foi a colecção de arte do sr. Berardo. Lá que ele queira um armazém para guardar a tralha, tudo bem, não venha é pendurar-se no dinheiro dos meus impostos para tomar conta daquilo. Ou é filantropo e partilha as coisas com o povo, ou então leve lá os cacos para onde quiser. Não comprou aquilo porque é uma pessoa culta e gosta de se deleitar com obras de arte? Então que fique com elas... ou foi por outra razão? Mas como o senhor tem dinheiro lá ameaçou o Governo que levava as coisas embora e ficou tudo em pânico.
São inúmeros os exemplos que poderíamos citar. O Belmiro de Azevedo, por exemplo, a opinar sobre Educação. Uma situação hilariante, não desse tanta vontade de chorar.
Gente cujo único ponto curricular relevante é o facto de terem e fazerem muito dinheiro... parece que isso lhes dá legitimidade para opinarem sobre tudo, exigir tudo e mandar em tudo... enfim... até compram as pessoas. E nós deixamos. Gostamos desta boçalidade saloia do: -senhor doutor, veja lá se quer mais qualquer coisinha.
Ainda hoje vi uma notícia de uma greve num hotel em Lisboa. Não é que as televisões nunca disseram o nome do hotel? Quer dizer... se a GNR fizesse uma rusga num bar de alterne diziam logo o nome do bar, quem era o dono, onde mora e talvez até um directo à porta da casa do homem. Como é um hotel de luxo, coitados...dá má imagem e tal... Mas se fosse uma pensão barata não faltaria...
Fizemos uma revolução para democratizar o país, mas o sector económico e empresarial ainda não teve a sua revolução. Temos que perder esta miserável forma de vida onde o cidadão comum é um lixo e quem tem dinheiro detém todo o poder. Porque não somos todos tratados de igual forma e com o mesmo respeito e competência pela justiça, pela imprensa, nos sítios públicos...?
Por isso este nosso desejo de ser ricos, em vez de íntegros. É esta imagem e desconsideração que temos de nós próprios que nos mina a alma e nos arrasta para a depressão.

terça-feira, abril 04, 2006

É para isto que andamos a fazer tanto sacrifício?

O Governo anunciou um deficit de 6% em 2005. E fê-lo como se de uma boa notícia se tratasse.
Significa que chegámos ao triste valor de 6% após:
- a subida de impostos e taxas em diversas áreas
- o congelamento dos escalões na função pública
- a subida da cobrança fiscal
- os cortes nos orçamentos da educação e outros ministérios
- os aumentos zero dos funcionários públicos
- o corte nos direitos dos funcionários públicos em termos de saúde e segurança social
- o acréscimo de mais dez anos de trabalho aos funcionários públicos
- o fim das reformas dos políticos (anunciado)
- fiscalização apertada nos subsídios de desemprego, baixas e novas regras (anunciadas)
- toneladas de propaganda anunciando mil e uma medidas para baixar o deficit...
Então andaram milhares de famílias portuguesas a fazer enormes sacrifícios para isto?
É esta a quantificação destes sacrifícios... tão grandes para tantos, mas com significado tão pequeno para o país?
E agora sr. Ministro, quem anda a gastar o dinheiro?

Entrada de leão...

Lá foi o nosso Ministro dos Estrangeiros meter o governo do Canadá na ordem. Partiu firme e decidido, mas quando lá chegou, afinal já era tudo legal, já não havia descriminação, já os imigrantes eram uns grande malandros e com recurso a esquemas para ficar... enfim... rabinho entre as pernas.
Fiquei um pouco confuso sobre esta situação porque, julgava eu, que o Canadá tinha aceite os nossos imigrantes como trabalhadores especializados, criando-lhes expectativas muito legítimas, que deveriam agora ser cobradas. Pois não são pessoas que têm empresas, filhos nascidos lá e a frequentar a escola, com carros, casas compradas, anos e anos de residência ? Isto não é criar expectativas? Isto não é uma legalização mais que tácita? Não havia uma postura flexível do anterior governo? Então e este não assume os compromissos de honra do seu país?
Não foram os portugueses pessoas de boa fé ao declararem a sua situação e entregarem documentação? Não foi o Canadá um país que incentivou a imigração? E não é agora o Canadá que, de manifesta má fé, vem armar em legalista, depois de deixar as pessoas comprar bens e estabelecer-se?
Pior! Aproveitaram a boa fé dos portugueses e foi graças aos documentos que entregam, que agora os caçaram... mas os que se mantêm ilegais... esses não os apanham.
Isto tudo é normal? Aos olhos de Freitas parece que sim.
Ficou ainda por esclarecer porque a embaixada portuguesa despediu pessoal e não tem adidos para acompanhar a legalização desta gente.
Ou seja, tudo espremido, resulta que ficaram abertos canais de comunicação entre os dois governos. Mas parece-me que esses canais serão apenas para nós sabermos as datas de regresso das famílias portuguesas para os recebermos no aeroporto a chorar.

quinta-feira, março 30, 2006

O postal da ordem: Querem fechar a maternidade de Torres Vedras

Um estudo do Ministério da Saúde propõe o fecho de algumas Maternidades, entre elas a de Torres Vedras por baixo número de partos realizados.
O Governo adiou esta medida devido à distância para as maternidades mais próximas em Lisboa (Sul) e Caldas da Rainha (Norte), representando cerca de 50 quilómetros de viagem. Mas mantém a proposta.
Em Torres está toda a gente muito indignada com o assunto e não faltam já os postais editados pela autarquia para o cidadão enviar ao Ministério.
Em relação a este assunto eu convidava os responsáveis torrienses a reflectir sobre o porquê, da maternidade de Torres Vedras ter um número tão baixo de partos por ano (1500), servindo ela uma zona tão vasta onde habitam cerca de 200 mil pessoas em cinco concelhos (Torres, Mafra, Cadaval, Sobral e Lourinhã). Mais vasta e populosa do que Caldas, onde se efectuam mais partos. Sugeria um estudo sobre o número de pessoas da área desta maternidade que vai ter filhos para Lisboa ou Caldas. Sugiro que perguntem as essas pessoas: -Porquê? Porque durante décadas só paria em Torres quem não conseguia ir a outro lado?
Não vi postais ou movimentos pela humanização dos serviços; pela dotação de mais pessoal médico; pelo facto de durante décadas as grávidas não poderem estar acompanhadas por familiares; pelo facto de quando as coisas corriam mal ir tudo de charola a correr para Lisboa; pelas grávidas que estavam completamente sozinhas em trabalho de parto; pelos bebés não poderem ficar com um familiar durante a noite quando internados; pelo facto de quem pode pagar escolhe logo um obstetra que faça serviço em Lisboa ou em Caldas para acompanhar a gravidez no privado e ter o filho fora de Torres; pelo facto de muita gente dizer maravilhas das maternidades de Lisboa e Caldas, mas de Torres nem por isso..... Não vi os autarcas e os “opinion maker” locais da minha terra preocupados com nada disto... nem um postalzinho, nem uma linhazinha escreveram...
Agora cheira a populismo... lá estão eles muito solidários com o povo, ... mas para mim chegam atrasados.
Portanto seria bom que nos indignássemos sobre a qualidade e a humanidade dos serviços públicos, em vez de embarcarmos em bairrismos primários, fingindo que a maternidade faz muita falta, quando grande parte dos utentes fugiu dela sempre que pôde.

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